Literatura

Já consolidados a partir de 1930 , os ideais modernistas vão gradativamente se transformando, até desaparecer por completo aquela visão de ruptura com o tradicional, de destruição dos padrões vigentes. Novos caminhos são buscados, novos autores surgem. Cada vez mais presente, em todas as obras, a realidade brasileira. Surgiu a chamada Geração de 45, a 3ª fase do Modernismo onde surgiu também uma nova safra de escritores brasileiros, a partir da segunda metade da década de 40, a ficção e a poesia passaram a ter um novo estilo, principalmente na estrutura da linguagem como a preocupação com a formalidade, e a ‘dignidade’ da linguagem e dos temas tratados nas obras, agora a realidade era mostrada de uma forma na qual se podia entender e muitas vezes enxergar a si mesmo em alguns dos personagens, a forma como as histórias eram escritas, buscavam investigar o comportamento e a razão por trás das atitudes do ser humano, exposto a cada realidade. Os principais escritores dessa geração foram na Prosa: Guimarães Rosa e Clarice Lispector e na Poesia: João Cabral de Melo Neto. O período que inicia na década de 40 é marcado por importantes acontecimentos mundiais e alguns desses acontecimentos e suas consequências podem ser reconhecidos nos poemas de Carlos Drummond de Andrade, “A Rosa do Povo”, e no livro de João Cabral de Melo Neto, “O Engenheiro”, ambos publicados em 1945. Depois dessa 3ª Geração do Modernismo, a Geração de 45, o período seguinte passou a ser conhecido como Pós-Modernismo (de 1945 até os dias de hoje), é marcado pelas mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades a partir de 1950. É caracterizado pela invasão da tecnologia, a revolução da comunicação e a informática e economicamente falando, tem o poder de seduzir os indivíduos para fins de consumo. A perplexidade contemporânea fez com que as pessoas preferissem a ‘imagem ao objeto’, o ‘simulacro ao real’, que resultou no hiper-realismo, presente nos meios de comunicação, como exemplo certas situações que parecem possíveis em novelas, estão longe da realidade e então alguns elementos passam a ser confundidos, como ficção e realidade. O hiper-realismo é a mentira da verdade, podendo ultrapassar tanto o controle do emissor quanto do receptor que encontra nessas situações uma potencialização de seus sentimentos e percepções. Cada vez mais os meios de comunicação desenvolvem técnicas de apresentação da notícia como espetáculo, ou seja manipulando seu conteúdo de acordo com seu interesse momentâneo. O hiper-realismo da mídia influencia as pessoas em todo e qualquer aspecto de seu ser, já que está presente em roupas e no comportamento por ela caracterizados. Os indivíduos desyte mundo pós-modernista vivem num micrologia individual e se muitas vezes parece fragmentado ou parece não se encaixar, é porque o pós-modernismo levou às últimas conseqüências as pequenas liberdades individuais de cada um. Sendo totalmente eclético e tendo várias vertentes, o pós-modernismo deixa o cidadãp livre para fazer suas escolhas com um infinito leque de possibilidades que lhe permite optar, desde que essa opção não seja o não-consumo. Será o pós-modernismo decadência ou renascimento?

1940

No ano de 1940, dentre os nascimentos podemos encontrar importantes figuras como os brasileiros: Walcyr Monteiro que era escritor, Cláudio Cavalcanti, ator, escritor e dramaturgo,  Bruno Tolentino, poeta, Maria Cecilia Bonachella e Orides de Lourdes Teixeira Fontela, ambas poetisas, portugueses como Sebastião Alba, escritor e Antonio Vitorino de Almeida, que era compositor, maestro, painista e escritor e algumas outras pessoas importantes de outras nacionalidades como, Angela Carter, escritora inglesa, Norman Spinrad, escritor norte americano de ficção científica, Gao Xingijan, novelista, dramaturgo e crítica literário chinês e Joseph Brodksy, poeta da União Soviética. 1940 também ficou marcado pelo falecimento de alguns gênios da literatura como J. H. Rosny escritor de dupla nacionalidade (Belga e Francesa), Mikhail Bulgakov, escritor e dramaturgo da União Soviética, Selma Lagerlöf, escritora suéca e F. Scott Fitzgerald, escritor norte-americano. É importante lembrar também que neste ano, o prêmio (financeiro) do Nobel de Literatura foi atribuído com 1/3 ao fundo principal e com 2/3 ao fundo especial da seção deste prêmio, assim como nos anos que se seguiram até 1944, no qual Johannes Vilhelm Jensen, dinamarquês ganhou.

1941

O ano de 1941 teve um evento importante, que foi a publicação do livro “The Structure of the American Economy”, escrito pelo economista russo Wassily Leontief. Dos nascimentos, pode-se destacar um inglês, um brasileiro e um português: Graham Chapman (ator e escritor), Oscar Araripe (escritor e pintor) e Mário Claúdio (escritor de ficção, poesia, teatro e ensaio) respectivamente. No setor das perdas, os falecimentos que podem ser destacados são: James Joyce escritor irlandês, Virgina Woolf, escritora inglesa,  Gregory Benford, física e escritor dos Estados Unidos, e Rabindranath Tagore, escritor, poeta e música da Índia. Assim como em 1940, o prêmio Nobel de Literatura não foi atribuído porém o Prêmio Machado de Assis foi destinado a Tetra de Teffé.

1942

Pode-se dizer que 1942 foi o berço da literatura de ficção científica, já que neste ano nasceram três dos principais escritores norte-americanos deste gênero, Samuel Delany, Barry B. Longyear e C. J. Cherryh. Outro americano de grande importância, escritor produtor de filmes e de televisão, Michael Crichton também nasceu neste ano. Dentre as outras nacionalidades estão, Terry Jones, ator e escritor inglês, Isabel Allende, escritora chilena, Antonio Lobo Antunes, português e a brasileira Maria Lúcia Medeiros, também escritora. Seguindo os anos anteriores, o prêmio Nobel de Literatura também não foi atribuído e o Prêmio Machado de Asssis foi destinado a Afonso Schmidt.

1943

Foi um ano de importantes publicações como “Éramos Seis”, romance de Maria José Dupré, “Os Três Mal-Amados”, de João Cabral de Melo Neto, “Terras do Sem-Fim” romance de Jorge Amado, “O Resto É Silêncio” romance de Érico Veríssimo, e por fim a publicação de “Le petit prince” de Antoine de Saint-Exupéry, o qual até hoje é o livro francês mais vendido no mundo, cerca de 80 milhões de exemplares, entre 400 e 500 edições, traduzido em 160 línguas e/ou dialetos. Entre outros acontecimentos importantes, estão os nascimentos de Roger Elwood, americano escritor de ficção científica, que faleceu em 2007, Clóvis Rossi, jornalista e escritor brasileiro, o italiano Antonio Tabucchi também escritor, João Aguiar, português jornalista e escritor, e Peter Sinfield, poeta e escritor inglês. 1943 foi o último ano da década de 40 em que o Nobel de Literatura não foi atribuído, e o Prêmio Machado de Assis foi para Sousa da Silveira.

1944

Em 1944, no Brasil nasceu um importantíssimo escritor, músico, cantor e compositor, Chico Buarque em 19 de Junho. Também em 1944, nasceram Paulo Leminski, também brasileiro, poeta e escritor, Molly Ivins, jornalista e escritora, e Vernor Vinge, escritor e cientista, ambos norte-americanos, e no Canadá, no mês de Julho, poeta, tradutor e acadêmico, nascia Robert Dickson. Houve grandes perdas como os portugueses Agostinho de Campos que era professor universitário, jornalista e escritor, Afonso de Dornelas, escritor, arqueólogo e heraldista, e Eugênio de Castro, também escritor. Os alemães perderam o linguista Carl Meinhof, os franceses o escritor Romain Rolland e os brasileiros, Alcides Maya, jornalista, escritor e político. Nos prêmios literários, o Nobel foi para Johannes Vilhelm Jensen e naquele ano, não houve premiação Machado de Assis.

1945

No dia 16 de Novembro de 1945, foi fundada uma das organizações mais importantes da atualidade, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Dentre os nascimentos estão Maria João Avillez, jornalista portuguesa e Connie Willis, escritora de ficção científica americana. Na Espanha, perdeu-se José Luis Gutiérrez Solana (1886 – 1945), pintor e escritor, e os brasileiros tiveram talvez uma de suas maiores perdas até hoje, Mário de Andrade (1893-1945), poeta, romancista, crítica de arte, musicólogo, professor universitário e ensaísta. O Nobel de Literatura foi para Gabriela Mistral e o Prêmio Machado de Assis, destinado a Osório Dutra.

1946

A principal publicação do ano de 1946 foi o artigo de Hiroshima por John Hersey e marcou o nascimento do chamado jornalismo literário. O falecimento de Afonso Lopes Vieira, poeta português e H. G. Wells, escritor inglês foram alguns dos acontecimentos, assim como o nascimento de três importantes brasileiros, a escritora e jornalista Ana Diniz, o jornalista e poeta Rubens Jardim, e o escritor Vicente Franz Cecim. Em setembro, na Espanha nascia Abel Caballero, político e escritor e em Outubro, Philip Pullman escritor na Inglaterra e Elfriede Jelinek, novelista e autora de peças de teatro na Áustria. O Nobel de Literatura foi destinado a Hermann Hesse e o Prêmio Machado de Assis a Tobias do Rego Monteiro.

1947

Dentre os ‘eventos’ memoráveis de 1947 na literatura, podemos destacar o nascimento de escritores norte-americanos como Paul Auster, Octavia E. Butler, Lucius Shepard, John Varley (de ficção científica), Stephen King (hoje reconhecido como o “mestre” dos contos de terror), Brian Herbert, e Robert Kiyosaki (também empresário e investidor) e de brasileiros como o poeta Paulo Camelo, o filósofo, livre-pensador e jornalista, Olavo de Carvalho, e escritores como Paulo Coelho (hoje conhecido no mundo todo) e Raimundo Carrero. O Brasil também teve uma grande perda em 12 de Janeiro com o falecimento de Afrânio Peixoto (1876-1947), médico e escritor. O prêmio Nobel foi destinado a André Gide e mais uma vez não houve premiação Machado de Assis.

1948

Um grande acontecimento de 1948 foi a publicação do livro de poemas “O Avestruz Lírico” de Antonio Manuel Viana. Ainda neste ano, nasceram importantes nomes como os americanos como o escritores William Gibson, Dan Simmons (de ficção científica),  e George R. R. Martin, roteirista e também escritor de ficção científica e terror, os brasileiros, Rubens Brosso, poeta, Neila Tavares, atriz e escritora, Caio Fernando de Abreu, escritor e jornalista que faleceu em 1996, e Marília Gabriela, jornalista, escritora, atriz e apresentadora de televisão assim como a conhecemos atualmente. Portugueses, Al Berto, poeta e editor, Jorge Silva Melo, cineasta, ator, dramaturgo, tradutor, ensaísta, crítico de teatro e cinema, e cronista, e Juliet Marillier, escritora da Nova Zelândia. Além do falecimento de Georges Bernanos da França, Monteiro Lobato (1882-1948) também veio a falecer, porém seu legado permanece até os dias atuais. T. S. Ellito levou o Nobel de Literatura e Augusto Meyer, o Prêmio Machado de Assis.

1949

Em 1949, William Faulkner levou o Nobel de Literatura e não houve premiação Machado de Assis. Neste mesmo ano, tivemos o nascimento de Patrick Süskind, escritor alemão, Jerry B. Jenkins, escritor americano, Chico Alencar, historiador e político brasileiro, e dos portugueses, Rui Ferreira de Sousa, poeta, escritor, jornalista e dramaturgo, João Alfacinha da Silva, escritor, jornalista, publicitário e dramaturgo, Hélia Correia, escritora e dramaturga e Nuno Júdice, ensaísta, poeta e dramaturgo. No mesmo ano, faleceram nomes como Joaquim Nunes Claro (médico e escritor) e Antonio Aleixo (poeta popular), ambos de Portugal, Margaret Mitchell, escritora norte-americana e Léon Frapié, francês.

1950

Bertrand Russell foi quem levou o Nobel de Literatura neste ano, e Eugênio Gomes, o Prêmio Machado de Assis. O mundo teve grandes perdas como George Orwell, escritor e Olaf Stapledon, filósofo, ambos da Inglaterra, Edgar Rice Burroughs americano, Abel Hermant francês e George Bernard Shaw, da Irlanda. No Brasil, Lucila Nogueira (escritora, editora e tradutora) nascia em 30 de Janeiro e Tessy Callado (atriz e escritora) em 10 de Abril, em Cuba, nasceu Pedro Juan Gutiérrez, e nos Estados Unidos, os escritores, David Brin, Stephen R. Lawhead, Mercedes Lackey e Charles Bernstein (também editor e professor).

1951

No Brasil, no dia 1º de Dezembro nasceu Walcyr Carrasco, muito conhecido nos dias de hoje e nos Estados Unidos, Orson Scott Card, dois escritores. Os franceses perderam dois de seus escritores, René Guénon e André Gide que ganhou o Nobel de Literatura quatro anos antes, em 1947. Nos Estados Unidos, Sinclair Lewis falecia com 66 anos. Pär Lagerkvist levou o Nobel da Literatura em 1951, e Augusto Magne o Prêmio Machado de Assis.

1952

Os nascimentos “notáveis” de 1952 foram dos nortes americanos Steven Barnes e Kage Baker, do inglês, escrito e comediante Douglas Noël Adams, e do jornalista e escrito português Miguel Sousa Tavares. Em Portugal, houve uma grande perda com o falecimento de Sebastião da Gama, poeta e na França, com o falecimento de Charles Maurras, poeta e jornalista. O Nobel de Literatura foi para François Mauriac, e O Prêmio Machado de Assis para Antônio da Silva Melo.

1953

No ano de 1953, Érico Veríssimo foi quem levou o Prêmio Machado de Assis, e Sir Winston Churchill o Nobel de Literatura. Na Inglaterra nasceu Alan Moore, escritor de banda desenhada, e nos Eua Charles Pellegrino, escritor e cientista. Ainda em 1953, Eugene O’Neill, escritor de nacionalidade norte-americana, faleceu, em 27 de Novembro.

1954

Os nascimentos “notáveis” deste ano foram os escritores, Iain M. Banks, Joel Rosenber, Marek Braniecki, Luísa Costa Gomes, Bruce Sterling, J. Michael Straczynski (também produtor de televisão), respectivamente da Escócia, Canadá, Polênia, Portugal, e Estados Unidos, além do linguista e psicólogo canadense, Steven Pinker. No Brasil tivemos três grandes perdas, com a morte dos escritores Oswald de Andrade com 64 anos, Celso Vieira, com 78 e também a morte do médico, antropólogo, poeta e professor, Edgard Roquete Pinto. Na Espanha, faleceu Jacinto Benavente, escritor e dramaturgo e na Inglaterra, William Raplh Inge. Ernest Hemingway levou o Nobel e Dinah Silveira de Queiroz o Prêmio Machado de Assis.

Livro importante no Brasil no período:

Seara Vermelha (1946)

clip_image002A obra está enquadrada na ótica explicitamente ideológica do escritor. Faz parte de sua fase de militância política. Depois de tecer sobre a sorte do migrante nordestino que se arrasta rumo à morte querendo chegar em São Paulo, ele mostra como nasce a violência no campo e, inclusive, o fanatismo religioso. Os cangaceiros e os novos messias surgem a partir das injustiças sociais e o desprezo do estado.

É a saga de uma família de retirantes compulsórios, gente expulsa de terras nordestinas, que toma o rumo de São Paulo. A pé. A viagem é um rol de aflições, de fome e de morte. Do grupo inicial de onze retirantes, apenas quatro chegam a uma fazenda de café. Além disso, Jorge Amado descreve as trajetórias de três filhos do casal de retirantes, que tinham partido de casa antes dos pais: o soldado João, o jagunço Zé Trovoada e o cabo Juvêncio, que serve na fronteira com a Colômbia, participa do levante comunista de Natal (novembro de 1935), vai parar no presídio de Ilha Grande e, depois da anistia, retoma os passos de sua vida militante.

Seara Vermelha reflete a injustiça e o desamparo dos pobres explorados pelos senhores feudais do Nordeste brasileiro. A lúcida perspectiva da personagem feminina, exemplo de esperança, contrapõe-se ao mundo masculino, questionando as decisões que afastam os homens das suas raízes. Os seus três filhos representam a tríplice resposta que pode ser dada à crueldade dos poderosos: José vinga-se pela via do cangaço, João procura as respostas messiânicas e Juvêncio, o grande herói deste romance, reage aderindo às lutas sociais.